Repúdio a Tv Globo CONSELHO NACIONAL DAS GUARDAS MUNICIPAIS
REPÚDIO À TV GLOBO DAS REPRESENTAÇÕES DE CLASSE DA GUARDA MUNICIPAL E DA POLÍCIA MILITAR EM RELAÇÃO A CENA DA NOVELA INSENTO CORAÇÃO QUE DENIGRE A IMAGEM DAS REFERIDAS CORPORAÇÕES.
Macaé, 31 de junho de 2011
Ofício nº 049/2011
Senhor Diretor:
O
Conselho Nacional das Guardas Municipais, através desta
vice-presidência, manifesta nesta oportunidade repúdio ao diálogo
estabelecido na novela “Insensato Coração”, levada ao ar no último dia
30, que denigre a imagem do guarda municipal pelo cunho altamente
ofensivo à honra desse servidor público.
Com
efeito, nessa cena, quando o ator que interpretava um delegado de
polícia, ao realizar busca na residência do banqueiro Horácio Cortez,
personagem de Herson Capri, foi questionado pela atriz Tainá Muller, na
figura da filha do banqueiro, se ele recebia propina de motoristas
bêbados, foi proferida a seguinte resposta: “Não sou guarda municipal e
muito menos policial militar”.
Essa
afirmação, prezado Diretor, além de ofender a honra de um servidor
público que granjeia respeito pelo relevante trabalho que presta, atinge
sobremaneira a instituição Guarda Municipal, que prima por exigir dos
seus servidores o respeito à disciplinar, ao cidadão e ao serviço que
presta à comunidade.
Não
podemos aceitar que uma instituição secular, com atuação
constitucionalmente delineada, tenha os seus componentes ofendidos por
comentário desairoso através de meio de comunicação que alcança milhões
de telespectadores por esse País afora, quando, ao contrário, deveria
merecer o respeito pela atuação sempre altruísta em prol da
coletividade.
À Direção da TV Globo S.A.
RIO DE JANEIRO – RJ
c/cópia: CNGM/Ipecs/arquivo
Pedimos,
pois, providências para que haja imediata retratação nos próximos
capítulos da novela, evitando que providências judiciais sejam tomadas a
fim de resguardar o honorabilidade do guarda municipal, servidor de um
segmento diferenciado da administração pública municipal que exige
respeito.
Na
certeza de sermos compreendidos, e atendidos, expressamos o nosso
respeito a essa emissora que, sem qualquer sobre de dúvida, pauta
procedimento que objetiva o desenvolvimento social, subscrevendo-nos,
Atenciosamente,
Ronaldo Fontes Linhares
- Vice-Presidente CNGM/RJ
- Corregedor Geral da
Guarda Municipal de Macaé
Resposta da Rede Globo ao Conselho Nacional de Comandantes Gerais das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares
Ilmo. Sr.
Álvaro Batista Camilo
Coronel PM-Presidente
CNCG-PM/CBM – Conselho Nacional de Comandantes Gerais das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares
Álvaro Batista Camilo
Coronel PM-Presidente
CNCG-PM/CBM – Conselho Nacional de Comandantes Gerais das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares
Prezado Cel. Álvaro,
Agradeço,
em nome de Roberto Irineu Marinho, sua carta (Ofício no. 098/2011, de
30/06/11) relativo a cena da novela Insensato Coração exibida em 29/6.
Entendemos
sua legítima preocupação quanto à fala do fictício delegado, entendida
como preconceituosa contra a Polícia Militar, ainda mais em se tratando
de uma instituição da mais alta importância para a sociedade.
Respeitamos o inequívoco trabalho dos órgãos de segurança pública, e por
isso mesmo temos colaborado em diferentes iniciativas relacionadas ao
tema, bem como realizado ações para a sua promoção e valorização.
Entretanto, gostaria de fazer algumas ponderações com relação à cena em questão, transcrita abaixo e disponível em:
http://insensatocoracao.globo.com/capitulo/norma-se-revela-para-leo.html#cenas/1550389
http://insensatocoracao.globo.com/capitulo/norma-se-revela-para-leo.html#cenas/1550389
Situação:
polícia revista (com mandado judicial) a casa de Horácio Cortez (que
acabara de ser preso no aeroporto, tentando fugir do país com uma mala
de dinheiro) na presença de Rafael (filho de Cortez), quando chega Paula
(irmã de Rafael).
Paula Cortez: O sr. é o responsável por essa palhaçada aqui?
Delegado: Delegado Rossi. E a sra. é…?
Paula Cortez: Uma das donas dessa casa. Eu acho um absurdo eu chegar aqui e estar essa bagunça, essa falta de respeito. Vocês não tem mais nada para fazer não, hein? Com tanto mendigo na rua para recolher. Que que vocês fazem, hein? Só recebem propina de motorista bêbado?
Delegado: Acho que a sra. tá confundindo um pouco as coisas, viu? Eu não sou guarda municipal, tão pouco sou policial militar. Por isso mesmo, eu vou te dar um refresco, e vou fingir que não ouvi o que a senhorita acabou de dizer, viu?
Paula Cortez: Como é que é o seu nome?
Delegado: Rossi
- Ah, eu vou te denunciar. Denunciar você e a sua corja. E acho melhor vocês saírem da minha casa…
Rafael Cortez: Cala a boca. Deixa de ser ridícula e pede desculpas.
Paula Cortez: Você tá do lado dele também agora, é?
Delegado: Escuta o seu irmão que ele sabe das coisas, ele estuda direito. Pergunta pra ele o que que é desacato à autoridade, pergunta.
Rafael Cortez: Você já deu ridículo bastante, agora sai do meu quarto. Vaza, por favor!
Delegado: Delegado Rossi. E a sra. é…?
Paula Cortez: Uma das donas dessa casa. Eu acho um absurdo eu chegar aqui e estar essa bagunça, essa falta de respeito. Vocês não tem mais nada para fazer não, hein? Com tanto mendigo na rua para recolher. Que que vocês fazem, hein? Só recebem propina de motorista bêbado?
Delegado: Acho que a sra. tá confundindo um pouco as coisas, viu? Eu não sou guarda municipal, tão pouco sou policial militar. Por isso mesmo, eu vou te dar um refresco, e vou fingir que não ouvi o que a senhorita acabou de dizer, viu?
Paula Cortez: Como é que é o seu nome?
Delegado: Rossi
- Ah, eu vou te denunciar. Denunciar você e a sua corja. E acho melhor vocês saírem da minha casa…
Rafael Cortez: Cala a boca. Deixa de ser ridícula e pede desculpas.
Paula Cortez: Você tá do lado dele também agora, é?
Delegado: Escuta o seu irmão que ele sabe das coisas, ele estuda direito. Pergunta pra ele o que que é desacato à autoridade, pergunta.
Rafael Cortez: Você já deu ridículo bastante, agora sai do meu quarto. Vaza, por favor!
Como
se pode ver no diálogo, a intenção de agredir a autoridade, fazendo
acusações à “polícia” (entendida por ela como entidade única), é da
personagem Paula, a filha sem ética do empresário criminoso que pouco
antes tentara fugir junto com o pai.
Quando
o delegado responde, não está ele próprio emitindo juízo ou concordando
com as insinuações de leniência e corrupção: “a sra. está confundindo
um pouco as coisas”, diz, e então explica – fazendo referência à fala
anterior de Paula – que não é “guarda municipal”, uma vez que seria da
Guarda Municipal (e não da Polícia Civil) a responsabilidade pela ordem
urbana e pelo recolhimento da população de rua, e que não é “policial
militar”, uma vez que seria da Polícia Militar (e não da Polícia Civil) a
responsabilidade pelo policiamento ostensivo que flagra motoristas
alcoolizados ao volante (situação em que poderia haver o ato de
corrupção).
A
resposta do delegado seria equivalente a dizer: “se você vai mesmo
fazer uma provocação (que estou desconsiderando para não ter que lhe dar
voz de prisão por desacato), saiba ao menos que há diferentes órgãos de
segurança com diferentes funções”. Ele não acusa policiais militares ou
guardas municipais de corruptos.
Espero
que compreenda, assim, que não houve qualquer intenção de nossa equipe
de criação neste sentido. Se, de toda forma, a percepção foi esta, tenha
certeza que levaremos ao conhecimento dos autores, de modo que possam
estar ainda mais atentos ao entendimento da trama pelo telespectador –
algo essencial para a noção de qualidade que caracteriza a produção de
teledramaturgia da TV Globo.
Por
último, gostaria apenas de destacar o que consideramos um ponto
relevante: a telenovela é uma obra autoral de ficção. A história é
resultado unicamente da imaginação do autor, está no terreno da
fantasia, sem vínculo necessário com a realidade. As tramas, situações e
personagens (como a mau-caráter que acusa genericamente uma instituição
pública) são meras invenções, assim compreendidas pelo público, que
busca apenas entretenimento – seja na TV, no cinema, no teatro ou na
literatura, da ficção científica às novelas de época. E é exatamente a
liberdade de expressão e criação artística, um valor fundamental
assegurado pela Constituição Federal, como bem apontado em sua carta,
que permite a um autor contar uma boa história.
Permanecemos à disposição.
Um abraço cordial,
Um abraço cordial,
Luis Erlanger
Diretor da Central Globo de Comunicação
Diretor da Central Globo de Comunicação
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