Em Campos, cada macaco no seu galho
Em se tratando de meio ambiente, Campos saiu na frente ao seguir
uma determinação de lei e fez escola. Foi assim ao acatar o Decreto
Estadual 5.100 de 2007, que dizia que cada município deveria criar seu
Conselho de Meio Ambiente, Fundo Municipal de Meio Ambiente, Secretaria
de Meio Ambiente e Guarda Ambiental Municipal (GAM). Caso contrário, o
município não receberia o Imposto sobre Circulação de Mercadoria e
Serviços (ICMS) – Verde. Até aí tudo bem, Campos seguiu as quatro
diretrizes. E ao criar, há três anos, seu Grupamento Ambiental, que é um
braço da Guarda Civil Municipal, passou a visitar municípios vizinhos
para palestras e implantação do grupamento por lá.
Hoje, dos 92 municípios do Estado, somente 72 têm implantado seu
GAM. E hoje o grupamento de Campos faz palestras de conscientização
pelos quatro cantos da região, além da atuação em crimes ambientais
diversos, como caça e pesca ilegal, desmatamento, queimadas, resgate e
apreensão de animais silvestres, entre outros. O biólogo e comandante do
GAM, Sávio Domingos de Figueiredo Tatagiba, concursado da Guarda Civil
Municipal há sete anos, especializado em educação ambiental pela UFF, é
um apaixonado pelo trabalho, já que foi isso que estudou durante anos.
Segundo ele, é importante que as crianças se conscientizem da
importância de preservação do meio ambiente, já que serão os adultos de
amanhã.
Campos 24 Horas – Qual é a finalidade, de fato, do Grupamento Ambiental?
Sávio Tatagiba – A
proteção dos bens ecológicos e ambientais do município, cabendo
proteger e fiscalizar, de forma preventiva, permanente e
comunitariamente, as Áreas de Preservação Ambiental (APA) e de
mananciais do município. Tudo isso visando prevenir e reprimir ações
predatórias. Também tem a função de atuar em apoio às ações da Defesa
Civil e Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
C24H – Mas que áreas de preservação e mananciais são esses?
Sávio – O
nosso Parque Municipal Taquaruçu, que fica perto da Usina São João,
além da APA de Lagoa de Cima, APA do Morro do Itaoca e a APA do Lagamar
em Farol de São Thomé. E quanto aos mananciais, temos 22 lagoas, com
destaque para a Lagoa Feia e a Lagoa de Cima. Aliás, a Lagoa Feia é a
maior lagoa de água doce do país.
C24H – Quanto aos crimes ambientais cometidos, quais são?
Sávio – Resgate
e apreensão de animais silvestres (em três anos, 542 ações), caça e
pesca ilegal (no mesmo período, 128 ações), maus tratos (64 ações) e
desmatamento, queimadas, poluição diversa e contra o patrimônio público
(63 ações). Mas, fora os crimes, atuamos também na soltura ou
encaminhamento de animais silvestres, fiscalização ambiental, apoio a
outros órgãos e na educação ambiental com palestras de conscientização
em escolas.
C24H – A maioria dos crimes ambientais diz respeito a animais silvestres. Certo?
Sávio – Sim,
a maioria pássaros. Mas tem de tudo. Somente nos últimos 30 dias, por
exemplo, resgatamos 22 gambás, um gavião carijó, dois jacarés de papo
amarelo, um tamanduá mirim, uma cobra jibóia, duas cobras papa pinto e
37 aves silvestres, entre elas, coleiros, tizius, trinca ferros,
canários da terra e outros. Há uma semana mesmo, aqui em Campos, no
parque Eldorado, resgatamos um jacaré de um metro e sessenta, no quintal
de uma residência, dentro de uma fossa. A casa fica próxima a uma
lagoa e a dedução é de que ele tenha saído de lá, se perdendo no caminho
e chegando à casa.
C24H – Voltando aos pássaros, como ficam os que são comercializados nas casas de venda de animais?
Sávio
– Os exóticos são autorizados, como o caso das calopsitas, periquitos,
canários belgas, entre outros, que vieram de outros países. E os
pássaros silvestres são autorizados pelo Ibama. Em Campos só uma casa
comercial deste tipo é autorizada à venda de animais silvestres, uma na
avenida Nilo Peçanha. Em lojas credenciadas os animais são de
cativeiro, não são retirados da natureza. As outras lojas que existirem,
se não tiverem autorização do Ibama e venderem esse tipo de animal, são
clandestinas.
C24H – É aí que entra o tráfico de animal?
C24H – É aí que entra o tráfico de animal?
Sávio – Sim.
O tráfico de animais existe em todos os lugares do mundo. Trata-se da
pessoa que obtiver lucro na captura e venda de animais silvestres, que
está no Artigo 29 da Lei 9.605/28, a Lei de Crimes Ambientais. E o maior
traficado no mundo ainda é o papagaio, animal que pode ser visto em
quantidade aqui, na região do Imbé. A punição para o criminoso é de até
um ano de prisão ou multa de R$ 500 a R$ 5 mil por animal, se este
estiver em extinção.
C24H – E os animais que saem do seu habitat e aparecem nas ruas, avenidas e residências da área urbana? Como explicar isso?
Sávio – Isso
pode ser proveniente dos desmatamentos e redução do seu habitat, entre
outros. Tem época que eles estão se dispersando, procurando novos
lugares e acabam na área urbana. O principal perigo no caso dos animais
silvestres são as zoonoses, que dependem de cada espécie, podendo ser
pelo simples contato ou, mesmo, pela defesa do animal com mordida. O
gambá, por exemplo, transmite o vírus da raiva, assim como o cachorro do
mato e o morcego. Já as serpentes, cada uma tem um tipo de perigo, até
de vida.C24H – Como pode ser feito contato com o Grupamento ambiental?
Sávio – Atuamos de segunda à sexta-feira, das 7 às 19h, além de finais de semana em sistema de plantão e escala. Solicitações podem ser feitas pelo telefone 153, que é da Guarda Civil Municipal, e pelo nosso, (22) 2725-6483. Temos uma equipe de trabalho e 40 agentes já formados que podem atuar em caso de necessidade, todos da Guarda Civil Municipal.
Fonte - Campos24horas
Nenhum comentário:
Postar um comentário